Rastreamento Humano e a Capacidade das Equipes de Rastreadores de Combate

 Uma habilidade que está desaparecendo e uma capacidade incompreendida

  De todas as habilidades necessárias e potencialmente valiosas nas Forças Armadas e as Forças de Segurança e Ordem Pública, a que é mais comumente mal compreendida e subestimada é o Rastreamento Humano. Infelizmente, a maioria das opiniões são baseadas nas experiências pessoais de alguns não entendidos do assunto. Os rastreadores que são professores de uma forma holística de rastreamento, que focam sua instrução em um aspecto espiritual, esmagaram qualquer debate verdadeiro sobre as virtudes do rastreamento como uma habilidade de necessidade militar. 

  O Rastreamento Humano não é uma habilidade exclusiva associada aos rastreadores Nativos, esta habilidade pode ser aprendida e ensinada, aqui no Brasil, temos quatro instrutores que se dedicam a transmitir seus conhecimentos são eles: Professor Sérgio de Oliveira Netto, Instrutor Carcará Santana, Equipe Gorsc e a nossa Equipe Onça Negra, dessas apenas a equipe do Instrutor Carcará Santana e a nossa, que ministram cursos de Rastreamento com ênfase no Combate.

  O Rastreamento Humano, em seu nível mais básico, é o instinto natural de caça predatória do homem. O sinal que o rastreador lê é a "Evidência Física" que sua presa deixa para trás. O Rastreador Treinado é capaz de localizar, identificar, perseguir e interpretar esses sinais, formar conclusões razoavelmente precisas, com base nas evidências deixadas pelo rastreado.

  Em um ambiente onde as informações sobre um inimigo ou foragido são limitadas, o principal meio de coleta de informações será através da realização de patrulhas (Forças Armadas) ou perseguição (Forças de Segurança e Ordem Pública). 

  O Rastreamento Visual apoia a intenção do Comando da Operação para encontrar, capturar e/ou neutralizar o inimigo, além de ser aquele capital humano que coleta informações de inteligência. Aos soldados que são ensinados as habilidades de Rastreamento Humano desenvolvem uma maior atenção aos detalhes, que não são percebidos pelos demais. 

  O Rastreador de Combate tem uma consciência situacional mais aguçada do ambiente ao seu redor, semelhante a um especialista que sabe a diferença de um quadro raro para um quadro comum, um simples visitante de um ateliê de pintura, não consegue distinguir esses quadros, apesar de vê-los igual ao técnico profissional, não identifica os mesmos detalhes.

  É muito difícil para o homem se mover, por qualquer terreno, sem deixar algum tipo de sinal. Se olharmos para o sinal deixado pelo rastreado e o colocarmos no contexto da operação e informações disponíveis, então o sinal se tornará um rastro. Esses rastros observados por um rastreador treinado podem fornecer informações de inteligência para uso imediato sobre o rastreado, tais como:

• Altura do rastreado;

• Direção do movimento;

• Velocidade de deslocamento;

• Efetivo;

• Rotas e métodos de infiltração e exfiltração usados;

• Áreas de Reunião ou Bases de Patrulhas;

• Nível de adestramento e disciplina;

• Capacidades, limitações e intenções inimigas;

  Historicamente, o Rastreador de Combate tem sido usado por muitas Forças Armadas em outros países ao redor do mundo com grande sucesso. A capacidade de empregar Rastreadores de Combate para localizar e interceptar um foragido ou inimigo que está tentando iludir seus perseguidores, coletar informações para fins de inteligência ou ajudar a resgatar indivíduos e grupos perdidos, em situações de guerra ou sequestros.

  No ambiente operacional contemporâneo de hoje, as técnicas de rastreamento empregadas pelos militares têm sido ineficazes e reacionárias. A interdição imediata dos Causadores do Evento Crítico, que cometem ataques e fogem (Novo Cangaço), vêm sofrendo significativas baixas devido a algumas unidades policiais do Brasil, que já vêm se capacitando para esse tipo de operação.

  As Forças Armadas, nas últimas décadas, se concentraram em outros métodos além do patrulhamento, como forma de deter, detectar e perseguir um inimigo que se homizia no Teatro de Operações. Cães farejadores, sensores térmicos, câmeras infravermelhas e o uso de VANT’s, são alguns exemplos. Habilidades básicas de vivência em ambiente selvagem deram lugar à dependência excessiva de tecnologias e uso de cães. Isso entorpeceu os sentidos humanos naturais e a capacidade de perseguir uma presa.

Adaptado de John D. Hurth, por Fernando Riva


Fernando Riva

Instrutor Chefe e Coordenador



Comentários

  1. Parabéns Equipe ONÇA NEGRA. Humildade intelectual, domínio técnico e coerência no ensino.

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