DISTÚRBIOS PROVOCADOS PELO EXCESSO DE FRIO

      O excesso de frio pode provocar distúrbios generalizados ou sobre determinadas partes do corpo

(congelamentos localizados).  

                    Créditos da imagem: http://www.fotosantesedepois.com/queimadura-de-frio/
a. Exposição generalizada ao frio 

    (1) O resfriamento do corpo se produz quando a temperatura axilar é inferior a 35,5º C e a retal inferior a 36,2º C. Este tipo de acidente é mais comum entre acidentados no mar (aviadores), ébrios que dormem em vias públicas, crianças pequenas expostas ao frio, exposição em climas frios sem equipamentos adequados, em altas montanhas e no continente antártico.

    (2) Quando o organismo humano se expõe ao frio, ele procura aumentar sua temperatura produzindo mais calor, através dos seguintes mecanismos: 

(a) Tremores por meio de contrações musculares; 
(b) Piloereção; (levantamento dos pelos do corpo provocados pelo arrepio)
(c) Diminuição da freqüência cardíaca e pressão arterial; 
(d) Movimentação. 

    (3) Se, apesar destes mecanismos de regulação de temperatura, a temperatura corpórea ainda estiver abaixo dos 34º C, a tendência é aparecer sonolência acompanhada de debilidade muscular. Caso a vítima durma, a temperatura corporal diminui ainda mais. Aos 29º C, aparecem arritmias cardíacas, rigidez muscular, cãibras pelo frio, a respiração se torna mais difícil e o pulso se acelera. Aos 26º C, ocorre o choque (coma) pelo frio, hipotensão, braquicardia (pulso lento), rigidez muscular, inconsciência (assemelha-se ao morto) e lesões nos rins. Aos 23º C, ocorre a morte por parada cardiorrespiratória. A tolerância ao frio depende da idade, estado físico e tempo de exposição. As crianças e os idosos são mais sensíveis.

    (4) Sintomas - com a temperatura corporal (retal) abaixo de 36º C, ocorre sonolência, apatia, tremores, rigidez muscular, falhas na visão, sono irresistível, pulso débil, acelerado e irregular e por fim a inconsciência. 

    (5) Tratamento - levar a vítima a um local abrigado e aquecido. Dar bebidas quentes (chá, café), nunca bebidas alcoólicas. Aquecer a vítima lenta e progressivamente. Preferencialmente, a temperatura do ambiente deve estar entre 38º C e 43º C, até que a vítima atinja a temperatura retal de 37º C. Efetuar massagens com panos macios nas extremidades para ativar a circulação sangüínea. Se necessário, efetuar respiração artificial e massagem cardíaca. 

    (6) Prevenção - evitar esgotamento nas marchas em climas rigorosos. A alimentação deve possuir calorias suficientes de acordo com o clima e deve-se usar vestuários e equipamentos adequados. Não manter-se estático ou ficar exposto em demasia em climas frios.  


b. Congelamento localizado (lesões por congelamento) 

    (1) São lesões produzidas pelo frio excessivo ou prolongado sobre os tecidos orgânicos, sendo mais afetados os que são mais expostos, tais como nariz, face, orelhas e dedos. O congelamento localizado é mais freqüente em vítimas com problemas circulatórios prévios (varizes). Pode ser dividido em cinco graus: 

  (a) Primeiro grau - a pele torna-se avermelhada (cor de cera vermelha) e surge um formigamento na área afetada. 
  (b) Segundo grau - destruição da derme e epiderme (camadas mais superficiais da pele). Aparecem bolhas, a pele adquire cor violácea e surgem edemas. 
  (c) Terceiro grau - destruição das gorduras subcutâneas com formação de escamas. 
  (d) Quarto grau - destruição dos músculos.  
  (e) Quinto grau - destruição e carbonização total. 

    (2) Sintomas - as áreas que se congelam iniciam com sensação de resfriamento, aparecendo depois cãibras, dores e finalmente adormecimento. 

    (3) Tratamento - envolver o local com tecido de lã. Inicialmente, não se deve efetuar massagens na área afetada. Somente após o desaparecimento da insensibilidade, fazer massagens com movimentos 
regulares. Aparecendo dor no local, colocar a área afetada ao ar fresco. Não expor o local diretamente ao calor, mas sim, aumentar progressivamente a temperatura ambiente. Dar de beber à vítima bebidas quentes e açucaradas. Nos casos de congelamento de segundo grau ou superior, deve-se procurar com urgência um atendimento médico. A prevenção é muito importante, pois, quando o congelamento é profundo, muitas vezes é necessário amputar o membro afetado. 

    (4) Prevenção - usar várias peças de abrigo delgadas (frouxas), ao invés de uma só grossa. Trocar a roupa molhada por seca, sempre que possível. Evitar o congelamento da pele, afrouxando a roupa ou usando roupas largas de maneira a permitir a evaporação do suor e facilitar a circulação sanguínea, especialmente nos calçados. Nas paradas das caminhadas efetuar a troca de meias  e secar bem os  pés, principalmente entre os dedos. Mover constantemente os dedos dentro do calçado. Não se deve tocar em metais frios com as mãos ou lábios (cantil e caneco de alumínio). 
Continua no curso ...
Fernando Riva Coordenador da Equipe Onça Negra Sobrevivência e Montanhismo.
Contato (35)9 9149-7230 WhatsApp

Comentários

Postagens mais visitadas